A Casa do Quarto de Milha de Velocidade segue promovendo cursos, palestras e, sobretudo, provas emocionantes e milionárias
17/09/2019 - 18:11 | Atualizado em 02/09/2021 - 11:10
Os últimos 15 dias foram repletos de “acontecimentos importantes”. Nas corridas, os destaques foram Brasília Toll (Granite Lake x Summer Toll, por Tolltac), que venceu o Grande Prêmio Brasil, e Zion Verde (Get Down Perry x Hawk Had It, por Hawkish), que venceu o III Derby. Um seminário internacional da AQHA (American Quarter Horse Association) ministrado aos criadores, proprietários e profissionais do Brasil coroou o Projeto de Palestras do Jockey Club de Sorocaba, cujo objetivo é trazer mais experiências e aprendizado. Quem soube aproveitar a oportunidade adorou os assuntos trazidos por Janet VanBebber - diretora de Corridas da AQHA, Sierra Kane - gerente de Atividades Internacionais da AQHA, e Dra. Megan Petty - médica veterinária de Ruidoso Downs e membro da AQHA. Muito se falou sobre o treinamento do cavalo de Corrida e o bem-estar animal.
Ainda sobre o bem-estar animal, vamos encontrar cada vez mais pressão de grupos contrários às atividades equestres. Na Austrália, alguns estudantes conseguiram “barrar” um show naquela que é considerada a maior corrida do mundo (em público, pelo menos), a Melbourne Cup, cujo ingresso custa o equivalente a R$ 10.000,00 e recebe a visita de 150.000 pessoas. Temos que cuidar cada vez mais desse assunto tão importante.
Vários hipódromos do Brasil já fazem corridas com antidoping. O Sr. Allan Guerra, presidente da Associação Brasileira de Canchas Retas, contatou-me para saber mais sobre os exames de antidoping em laboratórios homologados pela IFHA (International Federation of Horseracing Authorities), visando a promover competições ainda mais justas. Reforcei que hoje há apenas 05 no mundo: França, Hong Kong, Inglaterra, Estados Unidos e Austrália.
Assusta-me saber que um grande hipódromo no Nordeste faz corridas sem controle antidoping, cedendo à pressão de pessoas que não têm compromisso com a criação e com os animais e, sim, com resultados imediatos. Como todos sabem, há quase dois anos, o Jockey Club de Sorocaba realiza os exames de antidopagem das Finais dos Grandes Prêmios milionários em laboratório homologado IFHA, na Universidade de Davis, Califórnia, nos Estados Unidos, e os exames das Classificatórias no laboratório Ladetec, no Rio de Janeiro.
Durante estes quase dois anos em que fazemos os exames dessa forma, sofremos muita pressão, vinda de todos os lados - criadores grandes, clientes que compram animais por altas somas, veterinários, comerciantes e até dirigentes com alto “poder de fogo”. Fomos pressionados a não utilizar laboratório IFHA, realizando todos os exames no Rio de Janeiro. Resistimos, sofremos “boicote”, fomos difamados, tudo em nome do Esporte Limpo, da proteção aos proprietários que querem corridas justas, e em respeito ao nosso atleta: o cavalo.
Valeu à pena! Recebemos um comunicado do laboratório do Rio de Janeiro, Ladetec, que em 30/9/2019, encerrará as atividades em exames antidoping em equinos. Ficam aqui os parabéns à competência da nossa Comissão de Corridas, que há quase 02 anos, com apoio do consultor Dr. Thomas Wolff, iniciou o trabalho com laboratórios internacionais, fato que nos dá tranquilidade para atrair mais gente séria para o Jockey Club de Sorocaba.
Gente séria só vem correr em Sorocaba se souber que disputará em igualdade de condições. Gente séria quer o Esporte mais barato, em que não haja “fórmula milagrosa” para injetar no cavalo, alegando que ele “voará” e não será pego no exame. Gente séria quer um lugar para levar a família e incentivar os filhos a competir, ganhar ou perder, de forma honesta, em que vença o animal melhor criado e treinado. Este lugar é o Jockey Club de Sorocaba!
Antes de encerrar as atividades para exames de equinos e às vésperas do GP Brasil do Jockey Club de Sorocaba, o Ladetec detectou um exame positivo para Clembuterol num animal que disputou a Classificatória do III Derby. Esta é uma droga usada por alguns como anabolizante. Foi aí que definitivamente apareceu o porquê de defendermos o exame antidoping sério e bem feito; o porquê de defendermos o Turfe honesto; o correr em igualdade de condições, sem querer ganhar se aproveitando de algo proibido. Tínhamos insistido que o exame do Rio iria detectar tal doping.
Alguns não acreditavam nisso. Foi só o primeiro cavalo testar positivo, que o Grande Prêmio Brasil, com dotação de R$ 100.000,00, que tinha 09 inscritos até a quinta-feira (véspera da prova), correu com apenas 04 cavalos. Fácil de entender que com esta nossa forma honesta de agir, pegar os infratores, aplicar-lhes e fazer cumprir as punições, atrairá gente boa e honesta para o Esporte! Pode doer hoje, mas é a única forma de manter vivo o nosso Jockey.
Temos memória curta, por isso é bom relembrar: o Jockey Club de Sorocaba, através da Diretoria e da Comissão de Corridas, fez um trabalho espetacular durante estes últimos 02 anos, objetivando a Corrida Limpa. No intuito de organizar o Esporte, chamou proprietários e profissionais, para que caminhassem juntos. Optou por ações orientativas e não punitivas. Mesmo assim, alguns quiseram “arriscar” para levar vantagem. Estes se deram mal.
A Resolução #01 da Comissão de Corridas, do dia 03 de janeiro de 2019, foi clara e absoluta. Todas as chances do mundo foram dadas àqueles que infringiram as normas, sempre no sentido educativo. Inclusive, a Diretoria solicitou para a Comissão de Corridas que a pena de suspensão imposta pudesse ser transformada em pena alternativa por multa pecuniária. Assim, diante do apelo justificado pela Diretoria, a Comissão de Corridas resolveu de forma única e extraordinária acolher o pedido, porém, não devolveu ao profissional o benefício da primariedade. Em suma, se alguém pensa em alguma mudança na pena aos infratores, esta será pra pior.
Sinto que a maioria absoluta dos proprietários, criadores, apostadores e profissionais do Jockey Club de Sorocaba aprova a seriedade imposta pela Diretoria e entende que este é o único caminho para o sucesso do nosso hipódromo e da nossa atividade. Vivemos o melhor momento da nossa instituição. Temos apenas mais dois meses de gestão desta Diretoria, mas há plena convicção de que deixaremos para as próximas gestões um ambiente agradável, com contas em ordem, a fim de que dêem sequência ao plano de trabalho implantado com sucesso.
Com todas estas novidades implantadas, tivemos a mesma receita do ano anterior, reduzimos em mais de 50% o “buraco” existente no Jockey; ganharam proprietários de todas as partes do Brasil e do exterior; produzimos avanços incontestáveis, e a média dos cavalos vendidos foi a maior da história.
Obrigado a todos pelo apoio e pelo respeito ao que é justo. Segundo palavras do Dr. Plínio Kiehl, um dos mais importantes criadores de cavalos de Corrida do Brasil: “a grande malandragem da vida é ser honesto”.
Mauro Zaborowsky é proprietário do Haras Vista Verde, em Boituva/SP, um dos mais vitoriosos do país, e foi presidente do Jockey Club de Sorocaba (18/19)