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Marcelo Pardini

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Marcelo Pardini


Veterinária

A composição do leite equino

Quantidade e concentração dos componentes do saudável líquido branco afetam diretamente o crescimento dos potros

06/06/2023 - 12:14 | Atualizado em 16/08/2023 - 17:21

Este artigo, elaborado pelo Dr. Francisco Lança, foi publicado no Portal InfoHorse, veículo de Comunicação do jornalista e leiloeiro rural Marcelo Pardini, que esteve no ar até 2018. O rico conteúdo é reeditado aqui, na íntegra, para auxiliar os criadores de cavalos, principalmente àqueles que utilizam o programa de Transferência de Embriões (TE), a fim de ajustar receptoras às necessidades nutritivas de cada raça específicamente.

“A capacidade leiteira da égua não deve ser subestimada, sobretudo pelo fato de o leite ser o principal alimento durante os três primeiros meses de vida do potrinho”, diz o veterinário. A fêmea precisa produzir o saudável líquido branco suficientemente para dobrar o peso do potro em 60 dias, com o risco de haver crescimento fora de padrão. Comparado a outras espécies, o leite da égua é consideravelmente baixo em alguns componentes. Veja:

Imagem cedida
Composição do leite da égua em comparação com a vaca e a ovelha

A glândula mamária
A égua possui quatro glândulas mamárias ligadas ao corpo por ligamentos de sustentação. Elas não possuem pelos e são extremamente sensíveis à sucção do potro. Ao contrário dos outros mamíferos, o leite é secretado apenas por duas tetas ao invés de quatro, como a vaca, por exemplo. Ou seja: há apenas uma saída para cada duas glândulas mamárias. No interior, a glândula mamária é composta por alvéolos que produzem o leite e vários ductos ramificados e interligados entre si, que o depositam e armazenam logo abaixo, numa câmara, enchendo o úbere da égua. O leite é ali mantido por um esfíncter muscular que o impede de sair, somente "vazando" no processo de mamada do potro.

Durante a gestação, as glândulas mamárias se desenvolvem sob a ação do hormônio progesterona até o momento do parto, quando a produção de colostro torna o úbere visível. Elas seguem se desenvolvendo até o nível máximo (oito semanas após o parto), aumentando a produção de leite proporcionalmente ao crescimento do potro.

A formação do leite
Os constituintes do leite são captados da circulação sanguínea pelas células mamárias. Nestas, os componentes são transformados em lactose, gordura e proteínas, e armazenados nos alvéolos juntos com a água. À medida que a câmara de armazenamento se enche, aumenta a pressão dos ductos, deixando o leite pronto para o potro. A taxa de produção é controlada por hormônios que, por sua vez, são moderados pela quantidade de leite que o potro mama. Quando o potro começa a comer verde ou ração, ele diminui a ingestão do leite e, assim, a produção leiteira da égua também cai. Se o potrinho fica sem mamar por 24 horas, a glândula mamária da égua inicia o retrocesso e, mesmo que o potro volte a mamar após esse período, os níveis de produção já não serão os mesmos.

A curva de lactação
A quantidade e a concentração dos componentes do leite afetam diretamente a intensidade e o crescimento correto dos potros. Durante a lactação, o leite da égua sofre variações de acordo com o status fisiológico, como gestação e cio. A produção aumenta até os 60 dias, quando ocorre o pico lactacional. Após esse período, a produção cai juntamente com a quantidade de nutrientes até atingir níveis mínimos de qualidade, ocasionando o desmame e o fim da produção. Quanto antes o potro pasta, mais cedo se inicia a diminuição da produção leiteira da mãe.

Os nutrientes do leite
Vários são os constituintes do leite, mas neste artigo os abordados são os principais: matéria seca, gordura, proteínas (caseína), lactose (principal açúcar) e matéria mineral (Cálcio e Fósforo). Eles variam na concentração de égua para égua e de raça para raça. Segue abaixo tabela comparativa:

Imagem cedida
Os nutrientes do leite variam na concentração de forma individual e por raça