O melhoramento genético em mulas e burros seleciona uma marcha cômoda, característica que agrada aos novos investidores
25/11/2019 - 17:34 | Atualizado em 02/09/2021 - 18:34
Ao contrário do que sempre ouvimos em relação à braveza de mulas e burros, a evolução de nossos muares é nítida, ainda mais com o incremento da doma e do treinamento atuais, em que notamos o companheirismo e a cumplicidade entre cavaleiros e animais. Isso se deve ao conhecimento e ao empenho dos criadores, que não medem esforços para melhorar a criação, bem como investem em novas técnicas de manejo.
Os principais criadores de muares do país estão buscando boas éguas nas diversas raças de marcha, a fim de cruzá-las com jumentos Pêga com produção comprovada, visando a produzirem muares de extrema qualidade e docilidade, seja para o trabalho no campo, as tropeadas e, sem dúvida, os concursos de andamento.
Se no passado foram utilizadas éguas comuns na seleção dos muares, agora a situação é diferente. Os criadores se conscientizaram quanto à importância de selecionarem boas matrizes de marcha, que acasaladas com os consagrados jumentos da raça Pêga transmitem as qualidades buscadas para um bom animal de sela. Para aplicar essa fórmula, eles recorrem aos melhores plantéis de equinos de marcha, especialmente os da raça Mangalarga.
Vale a pena ressaltar que os muares de hoje, diferentemente do tempo antigo, têm recebido tratamento diferenciado, principalmente por parte de selecionadores que sabem valorizar os seus produtos. Além de alimentação balanceada, com vitaminas e suplementos, toda a parte de sanidade animal, com vacinas e vermífugos, também engloba a criação do muar moderno. Tudo de melhor para garantir o bem-estar animal, incluindo o acompanhamento rotineiro por parte de veterinários, zootecnistas, ferrageadores e outros profissionais especializados.
As provas têm crescido em todos os cantos do Brasil, muitas delas incorporadas a importantes eventos do Agronegócio nacional. Isso tem ajudado a fomentar o mercado, que busca por muares aptos a participar de concursos de marcha, provas cronometradas, tropeadas e romarias. Atenta a essa demanda, a Diretoria da ABCCRM (Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga) criou um “ferro” específico para identificar os muares filhos de matrizes da raça.
O prazer em montar um bom muar é algo incontestável. A cada evento pelo país observamos o envolvimento de toda a família, incluindo a crescente participação de mulheres e crianças nas pistas de competição. Notamos também a incessante procura por cursos especializados em doma, treinamento, apresentação e ferrageamento de muares.
Outro ponto de destaque são as premiações nas competições, cada vez melhores, oferecendo motos e carros, o que tem incentivado a participação de criadores e treinadores tradicionais, além de despertar o interesse de novos adeptos. Engana-se quem pensa que isso está restrito às provas de marcha. Os muares também estão ocupando cada vez mais espaço nas apresentações de morfologia.
Por fim, reitero que os muares sempre tiveram muita importância na História do Brasil. O que pouca gente sabe é que eles têm tamanha habilidade para desenvolver um andamento cômodo, característica que conquista cada vez mais apaixonados pela espécie. Montar um bom muar é um verdadeiro espetáculo!
Dalva Marques é treinadora e jurada de equídeos. Junto ao marido, Silvio Parizi, ela comanda o Rancho Bigorna, em São Sebastião da Grama/SP