Diretoria do Jockey Club de Sorocaba conclui gestão, com sucesso nas duas frentes de atuação, saúde financeira e bem-estar animal
20/11/2019 - 12:25 | Atualizado em 31/01/2023 - 18:28
Caros turfistas, proprietários, criadores e treinadores, registro o meu "obrigado" a todos! Na Assembleia Geral Extraordinária (AGE), realizada em 09/11, encerramos uma missão nada fácil mas prazerosa: transformarmos o Jockey Club de Sorocaba (JCS) em referência nacional e internacional. No Brasil e em toda a América do Sul, os amantes do Esporte têm percebido que o melhor lugar para correr os seus cavalos é aqui, vitrine para o mundo!
O Jockey Club de Sorocaba é hoje o único com carta patente no Brasil que promove corridas regulares com o cavalo Quarto de Milha, ou seja, com autorização governamental para funcionamento. Somos hoje o mais importante e único hipódromo reconhecido pela AQHA (American Quarter Horse Association) em toda a América do Sul.
Os dois projetos principais da nossa gestão, definidos desde o início, em janeiro de 2018, foram a saúde financeira do JCS (inadimplência) e o bem-estar dos animais (antidoping), com corridas em igualdade de condições. A saber:
1) Acabar com a inadimplência: qualquer empresa, por melhor que seja, fecha as portas se não tiver saúde financeira. Isso significa receber e pagar os compromissos em dia. Como todo projeto que se inicia há a implantação, a adaptação e a consolidação. Na implantação é preciso coragem por parte dos dirigentes; a adaptação demanda aprendizado da coletividade, e a consolidação é a consequência da coragem e do aprendizado. Focamos no fim da inadimplência. Desta forma e com a ajuda dos diretores, passamos a pagar todos os nossos compromissos em dia, e tornamos o JCS viável financeiramente. A adaptação não foi fácil. Alguns não se adaptaram e mudaram. Não há como o JCS pagar as contas - prêmios, apostas e despesas (água, luz, manutenção, funcionários, segurança etc) - se não recebe dos participantes. Foi difícil implantar, duro adaptar, mas está consolidado. Hoje saímos felizes: nestes 02 anos de gestão pagamos todos os prêmios e jogos, rigorosamente em dia.
2) Cumprir com as regras do antidoping: situação imperativa para manter a carta patente e, mais do que isso, preponderante para atrair proprietários sérios para o Esporte. Sem investidores não há corridas. Ora, que prazer tem o proprietário ou o criador em investir em genética, criação e treinamento, se depois vai correr contra medicamentos proibidos? As regras de antidoping são importantes para todos correrem em igualdade de condições! É mais barato, mais saudável, mais alegre e mais justo! Érico Braga implantou o antidoping no JCS, com coragem, em sua gestão anterior. Juntos, aperfeiçoamos com a consultoria do maior especialista da área no Brasil, Dr. Thomas Wolff (que foi indicado pelo Nilsinho Genovesi), dando-nos segurança jurídica em relação ao bem-estar animal, com controle de antidoping feito por laboratório homologado pela IFHA (International Federation of Horseracing Authorities). Esta Diretoria, junto com uma excepcional Comissão de Corridas, com trabalho sério e dedicado, visando a proteger o Esporte, o proprietário, o cavalo, os apostadores e a instituição, realizou os exames das Finais dos Grandes Prêmios em um dos cinco laboratórios do mundo homologados pela IFHA, na Universidade de Davis, Califórnia, nos Estados Unidos. Só existem cinco laboratórios IFHA Reference no mundo (Racing Analytical Services Limited - Austrália; Le Laboratoire Des Courses Hippiques - França; LGC Group, Sport & Specialised Analytical Services - Inglaterra; Hong Kong Jockey Club Racing Laboratory - China; Kenneth L. Maddy Equine Analytical Chemistry Lab, e University of California at Davis - Estados Unidos). Escolhemos este último pela proximidade, agilidade e apoio da AQHA. Não é só Sorocaba que utiliza tais laboratórios. Os dois principais hipódromos do Brasil: Gávea (RJ) e Cidade Jardim (SP) utilizam o da França. Os argentinos, lá em Buenos Aires (Palermo), idem. Desde o primeiro dia de mandato desta Diretoria, afirmamos que adotaríamos “tolerância zero” aos profissionais que usassem subterfúgios para obter vantagens nas corridas. A Diretoria, por unanimidade, optou por este caminho e autorizou a Comissão de Corridas a buscar soluções definitivas para o “clean sport”. Tudo amplamente divulgado, visando à igualdade de condições: vence o melhor cavalo, o melhor criado, o melhor treinado e nunca o melhor “medicado”. A Comissão de Corridas do JCS é formada por um time excepcional e está no comando para julgar e defender o Esporte. Idônea, honesta e composta por gente do mais alto gabarito, agiu com coragem e determinação, além de competência técnica, e mereceu todo nosso apoio. Regras são feitas para todos cumprirem.
Na AGE foi definida pelos dois principais acionistas do Centro Hípico D’Oeste a Diretoria para o biênio 2020/21: Érico Braga (presidente), com os vices Jonatas Dantas, Eugênio Nunes, Ademir José Rorato, Guy Peixoto e Marcos Ribeiro Leite. A nova liderança ratificou a atual Comissão de Corridas, formada por Dr. Júlio Clímaco, Alexandre Dias, Ricardo Esquerre, Henrique Osiliero e Jarbas Bertolli, para o próximo mandato. Essa ratificação foi para nós uma clara demonstração de que amadurecemos nestes 02 anos e consolidamos as metas propostas no início da nossa gestão. Críticos dos comissários entenderam que eles sempre agiram corretamente e amparados pelo Código Nacional de Corridas. Uma Comissão que respeita os clientes, mas é justa e competente para assumir com coragem as suas decisões. Houve, inclusive, o caso do Clembuterol, que além de constar nas relações de medicamentos proibidos, mereceu divulgação explícita em informativo elaborado sobre o medicamento, enviado pelo JCS a todos os profissionais e proprietários, em 29/5/2018 (isso mesmo: bem no início do nosso mandato!), após ser constatado pelo laboratório de São Paulo, em exame realizado no vencedor de corrida em Cidade Jardim. Conseguimos dar um basta e transformar o nosso hipódromo em ambiente saudável, com resultados justos, trazendo mais gente para o Esporte! Durante o período de adaptação ocorreram falhas, sem má intensão dos treinadores, proprietários e veterinários. Fomos corajosos e facilitamos a adaptação, concedendo uma última anistia aos treinadores. Os críticos de plantão chegaram até a inverter o “problema”. Apontaram para o laboratório IFHA ao invés de coibir o uso do medicamento proibido, mas tudo deu certo e com a honrada atitude consolidamos o controle. Quando se inseriu no Código de Trânsito Brasileiro a obrigatoriedade do uso do “cinto de segurança” houve crítica na implantação e multa na adaptação, mas hoje está consolidado. Quantas vidas a consolidação do “cinto de segurança” salvou? Quantas vidas de cavalos salvamos com a consolidação do controle de antidoping por laboratório IFHA? Valeu a pena! Conseguimos definitivamente educar a todos sobre a importância da “perpetuação” do nosso JCS através do bem-estar animal e Esporte Limpo. Todos agora sabem que só vai ganhar o melhor cavalo e não o melhor medicado.
Sairemos da Diretoria felizes: nestes 02 anos de gestão não tivemos nenhum animal que morreu na pista de corrida. A Diretoria do JCS que encerra seu mandato fez de tudo pelo bem-estar animal e humano. Se queremos uma atividade perene, que dure muitos anos, temos que ter a coragem de enfrentar as críticas e estender a realização dos exames antidoping em laboratório IFHA. Nossos filhos e nossos animais agradecem a nossa repulsa ao doping. Meu agradecimento ao presidente do Centro Hípico D’Oeste, Sr. Jonatas Dantas, e ao Érico Braga, presidente do JCS no biênio 2020/21, que entenderam o excelente momento que vive a nossa entidade, tanto na parte financeira, como com a grande credibilidade alcançada através dos exames de antidoping, e se comprometeram com toda comunidade turfística a manter o mesmo rigor financeiro e os exames das Finais dos Grandes Prêmios (no mínimo), que distribuem milhões de reais todos os anos, nos Estados Unidos, enquanto não temos laboratório IFHA no Brasil. Independentemente de qual seja a Diretoria do JCS, temos a certeza de que os líderes futuros manterão com coragem estas conquistas. Tudo isso, com o objetivo de trazer felicidade a todos através do Esporte Limpo, livre das drogas, em igualdade de condições e com total credibilidade.
Despeço-me, lembrando mais uma vez que há quase 02 anos, o Jockey Club de Sorocaba realiza os exames de antidopagem das Finais dos Grandes Prêmios milionários em laboratório homologado IFHA, na Universidade de Davis, na Califórnia, e os exames das Classificatórias no Ladetec, no Rio de Janeiro. Alerto a nova Diretoria que durante este período sofremos todo tipo de pressão para voltarmos atrás. Pressão de criadores grandes, de clientes que compram cavalos por altas somas, de veterinários e até de dirigentes com alto “poder de fogo”. Uma forte pressão, para que não utilizássemos laboratório IFHA e realizássemos todos os exames no Rio de Janeiro. Sofremos “boicote”, fomos difamados, mas resistimos. Tudo em nome do Esporte Limpo, da proteção aos proprietários que querem corridas justas e em respeito ao nosso atleta: o cavalo. Hoje, a quase totalidade da comunidade entende que tudo foi pensado em prol do animal, do JCS, dos profissionais e dos proprietários.
Com a ajuda de todos, realizamos várias mudanças: pagamentos de prêmios e jogos em dia, logo após o resultado dos exames (credibilidade); diminuição da inadimplência (só correu quem esteve quite); todos os empréstimos bancários pagos; animais correndo em nome constante no registro genealógico na ABQM (Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha), conferindo segurança ao vendedor; 100% dos animais “chipados” (segurança aos participantes); Leilão Mixed Sale do Jockey Club de Sorocaba; apostas por WhatsApp (feitas pelo JCS e mais o credenciamento de alguns grupos, trazendo “oficialidade” a estes, além de divulgação e receita à entidade); enfrene ao vivo por internet; novo locutor das corridas; melhoria no sistema de som; melhoria na transmissão das corridas ao vivo (incluindo filmagem com drone); informativo quinzenal; criação da Revista do Jockey Club de Sorocaba; áreas de lazer, como o Parquinho Haras Portofino e o Espaço Kids; exames com credibilidade, realizados em laboratório IFHA (igualdade de condições para todos); contratação do Dr. Thomas Wolff (sumidade brasileira no controle antidoping); melhoria nas condições de trabalho dos treinadores; seminários e palestras; resultados oficializados e registrados pela ABQM e pela AQHA, e verba adicional de R$ 100.000,00 da ABQM para o GP Potro do Futuro.
Boa sorte à nova Diretoria! Agora me dedicarei à tropa do Haras Vista Verde. Um grande abraço a todos!
Mauro Zaborowsky é proprietário do Haras Vista Verde, em Boituva/SP, um dos mais vitoriosos do país, e foi presidente do Jockey Club de Sorocaba (18/19)