Gosto de pensar assim: quando nasci, não tinha problema. Aí eu respirei e, pronto, gerei um para resolver. Se eu gerei, ele veio depois de mim. Se veio depois de mim, é menor do que eu. Se é menor, tenho o comando. Se tenho o comando, não vacilo, administro a situação

Geraldo Rufino

Alimente a esperança e a Fé no futuro, reconheça o seu próprio valor, mantenha atitudes positivas e não se limite pelo medo

Nick Vujicic


Meu Pet

Fogos de artifício x pets

Entre o Natal e o réveillon aumenta a incidência de trovões, devido às chuvas, e explodem rojões o tempo todo, aterrorizando os bichanos

24/08/2021 - 16:48 | Atualizado em 10/02/2023 - 11:48

Vem chegando o final do ano e, mais uma vez, preocupamo-nos com os pets. Entre o Natal e o réveillon aumenta a incidência de trovões, devido ao período chuvoso, e também explodem fogos de artifício por toda parte e o tempo todo, fazendo com que alguns de nossos amiguinhos fiquem aterrorizados por causa desses ruídos.

Estamos cansados de ouvir histórias de animais que durante o período dos fogos de artifício fugiram e nunca mais foram encontrados. Há casos de cães que se machucaram ao tentar passar por portas e janelas ou que se debateram para se esconder em locais diminutos. São famosos os relatos de pets que ficaram tão apavorados que, trêmulos e desesperados, chegaram a urinar e a defecar sobre si.

Fisiologicamente, a resposta do medo é uma reação complexa que envolve várias áreas do cérebro. Quando os animais percebem uma situação ameaçadora ou que a “acham” perigosa, eles reagem instintivamente para sobreviver, preparando-se para o confronto ou para a fuga. Ocorre aumento da frequência cardíaca e pressão sanguínea; a respiração fica mais intensa; há diminuição da sensação de dor; intensifica-se o reflexo de sobressalto; hormônios de estresse são liberados, e aparece o comportamento defensivo.

Foto cedida
O cão reage instintivamente a situações de medo para sobreviver

Existe uma estrutura no cérebro chamada locus ceruleo, que é a principal área envolvida e ativada no momento do medo. Suspeita-se que a amígdala, outra área específica do cérebro, reconheça o alarme a partir do locus ceruleo e traga memórias de acontecimentos passados que provocam o medo. Sendo assim, torna-se difícil contornar a situação. Respostas de medo são causadas por tendências comportamentais genéticas, experiências ambientais (algum acontecimento que gerou “trauma”) e doença física.

O que podemos fazer para minimizar o problema? Nunca puna o animal ou utilize técnicas que lhe causem mais medo. Evite acalmar ou proteger o cão nervoso, pois isso pode reforçar o medo de algo pelo qual ele não deveria se assustar. O proprietário não deve ficar nervoso ou ansioso perto do animal. Recomendo que ele ignore o comportamento de medo do pet, emitindo outros ruídos para distrai-lo, buscando petiscos e fazendo brincadeiras.

A exposição a ruídos gravados ou filmados bem baixinhos é uma técnica interessante. Os sons podem aumentar gradualmente, conforme a evolução do treinamento - chamamos isso de exercícios de exposição, que vêm acompanhados dos comandos “senta” e “fica”. É necessária uma recompensa altamente valorizada quando ele responder adequadamente ao ruído, como um petisco ou o brinquedo favorito (guardados para serem oferecidos somente nessa situação), ocorrendo o reforço positivo. O ideal é começar o treinamento antes da época de fogos e chuvas, pois a exposição ao estímulo durante o período de treino pode prejudicar o progresso de todo o processo.

Durante os fogos ou as tempestades, mantenha o animal dentro de casa. Em certos casos, medicamentos são necessários e somente o veterinário os prescreverá com segurança. Expor o filhote de maneira suave e gradual a diferentes estímulos (luzes, sons, manipulações e movimentos) durante os primeiros meses de vida é a melhor maneira de torná-lo destemido. Isso fará com que ele seja mais seguro e equilibrado na idade adulta.

Mantenha o pet identificado - telefone, nome e endereço na coleira, a fim de que numa eventual fuga ele possa ser encontrado rapidamente. Tranque bem as portas e os portões, e tome cuidado com as janelas de vidro ou outras estruturas que possam machucá-lo num momento de pânico. Lembre os amigos e familiares que toda vez que um rojão estoura um animal de estimação e o seu tutor sofrem. Portanto, insista para que eles pensem duas vezes antes de comprarem o artifício. Respeito, cuidado e amor são sempre positivos no trato com os pets.


Foto:

Janaina Biotto contato@vilachicopethotel.com.br

A médica veterinária Janaina Biotto é especialista em Anestesia, Oncologia, Ozonioterapia e Acupuntura. Atende no Vila Chico Pet Hotel, em Botucatu/SP

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