O vínculo entre o humano e o Canis lupus, que originou o cachorro domesticado, sempre foi forte. Saiba mais sobre a evolução canina
22/08/2021 - 09:36 | Atualizado em 25/08/2021 - 11:08
As melhores evidências arqueológicas e genéticas sugerem que os cães vieram dos lobos, entre 12 mil e 40 mil anos atrás. Entretanto, algumas hipóteses reforçam a teoria que pode mudar nossa forma de pensar sobre a evolução desta incrível espécie. Saiba mais:
A primeira perseguição aos lobos data do século VI a.C., quando Sólon de Atenas ofereceu recompensa por cada animal morto, dando início a um longo massacre que colocou o Canis lupus em extinção. No entanto, estes não apenas sobreviveram e se espalharam por todo o hemisfério Norte, como também se tornaram a espécie mais bem sucedida sob o ponto de vista do convívio com os seres humanos, passando por transformações morfológicas e comportamentais, indo do estado selvagem para o domesticado.
O lobo resistiu e teve sucesso em perpetuar a espécie. O processo de domesticação necessitou de mudanças genéticas durante muitas gerações. Então, como teria acontecido o primeiro encontro com os humanos? Isso será sempre especulativo. Algumas teorias sugerem a perda de comportamentos lupinos, como a agressividade da defesa, e o ganho de novas posturas e atitudes, devido à facilidade do acesso a alimentos e abrigo. Habilidades de caça, assim como facilidade em ser domesticado, seriam características selecionadas através dos cruzamentos.
Alcateias começaram a aproveitar fontes de comidas próximas às aldeias humanas e à medida que as pessoas encontravam filhotes de lobos, os mesmos eram levados para dentro de casa, sendo domesticados, tendo seleção dos indivíduos mais dóceis. Portanto, os lobos passaram pela domesticação entre a chegada dos humanos modernos, há 43 mil anos, e os primeiros sepultamentos de cães, há cerca de 10 mil anos.
Historicamente, o vínculo entre o humano e o lobo domesticado, o cão de hoje, sempre foi tão forte que frequentemente os dois eram sepultados juntos. Através dos séculos, enquanto os lobos continuavam perseguidos e quase extintos, cães e humanos se aproximavam cada vez mais. À medida que as populações caçador-coletoras tornaram-se mais sedentárias, os lobos aumentaram a frequência de contato com os humanos através da caça ou da carniça nos acampamentos ou comendo lixo e/ou fezes humanas.
A domesticação é um processo complexo, que envolve grande número de animais sendo acasalados seletivamente por muitas gerações para intensificar determinadas características e tornar outras secundárias. O cão tornou-se menor do que o lobo, tendo pelos de coloração diferentes e ficando menos alerta ao ambiente.
Há 07 mil anos havia tipos específicos de cães: de caça pesada, de pernas curtas e os Greyhounds. Há 03 mil anos eles foram parte integrante da Cultura romana e podiam ser encontrados em todo o Império. Os romanos tinham cães de luta, pastores, de guarda e de estimação (pequenos). A placa “cave canem”, em Pompéia, na Itália, foi a primeira de “cuidado com o cão”, cuja intenção era alertar os visitantes a não pisarem nos pequenos Greyhounds italianos.
Henrique III iniciou a seleção de cães na Inglaterra através dos Mastiffs. A primeira exposição competitiva ocorreu em 1859, em New Castle, mas foi limitada a Pointers e Setters. Com início do Kennel Club, em 1873, os padrões raciais foram firmados gradualmente até atingirem o que conhecemos hoje.
A evolução genética do Canis lupus familiaris permitiu ampla variação em tamanho, cor e comportamento. Nos tempos modernos, as raças foram desenvolvidas com propósitos específicos, como pastoreio, recuperação de presas para caçadores, tração, companhia etc. Embora haja diferenças entre elas, no geral, são bastante semelhantes e frequentemente lembram o seu parente (agora distante), o lobo.
A médica veterinária Janaina Biotto é especialista em Anestesia, Oncologia, Ozonioterapia e Acupuntura. Atende no Vila Chico Pet Hotel, em Botucatu/SP