Como não é possível fazer a completa prevenção da doença, o controle depende de estratégias para diminuir a incidência
31/01/2023 - 16:05
O Dr. Francisco José do Monte Lança é natural de Beja, Portugal. Especialista nas áreas de Nutrição, Genética, Biodinâmica, Manejo, Planos Sanitários, Clínica, Cirurgia e Reprodução de animais das raças Quarto de Milha e Puro Sangue Inglês, ele tem vasta experiência profissional. Foi residente no Jockey Club de São Paulo; administrou o Haras São José e Expedictus, em Botucatu/SP e Rio Claro/SP; foi veterinário do Stud TNT, em Bagé/RS, além de ter atuado no Haras du Val Henry, na França; na Three Chimneys Farm, nos Estados Unidos, e no Haras La Madrugada, na Argentina. No Portal InfoHorse, veículo de Comunicação do jornalista e leiloeiro rural Marcelo Pardini, que esteve no ar até 2018, ele colaborou com diversas matérias interessantes. Confira esta, reeditada na íntegra com exclusividade em Agro MP, sobre a ultrassonografia torácica em equinos:
Causa importante da pneumonia em potros entre 03 semanas e 05 meses de idade, o Rhodococcus equi (R. Equi) está presente no ambiente da maioria dos haras. “As taxas de mortalidade são altas em propriedades endêmicas. Os métodos para o controle e prevenção do R. equi ainda não são bem compreendidos. Não existem vacinas totalmente eficazes disponíveis. A única estratégia profilática comprovadamente eficaz é a administração de plasma hiperimune”, explica Dr. Francisco Lança, médico veterinário com vasta experiência.
Os tratamentos com antibióticos são caros, prolongados e podem não ser bem sucedidos. A doença também pode ocorrer em cavalos adultos. “Devido à prevenção completa não ser possível, o controle do R. equi em criatórios afetados depende de estratégias para diminuir a incidência da doença. A ultrassonografia torácica tem demonstrado ser o meio de diagnóstico exato para a detecção da referida patologia pulmonar”, diz o profissional.
Metodologia
A ultrassonografia é realizada a campo com o transdutor linear retal entre 5,0 a 7,5 MHz. Os potros são examinados a partir dos 15 dias de vida e reexaminados quinzenalmente até o desmame. “No exame, procuramos evidências de abcessos e líquido pulmonar, características da pneumonia por R. Equi. Esses são de vários tamanhos e podem ser encontrados em qualquer local do pulmão. Outra observação é que cerca de 50% dos potros positivos não apresentam sintomas da doença, o que corrobora a importância de sempre estarmos de olhos bem abertos”.
As lesões encontradas são classificadas segundo o tamanho, como segue:
- Grau 0: sem lesões.
- Grau 1: lesões menores de 01 cm.
- Grau 2: lesões entre 01 e 02 cm.
- Grau 3: lesões entre 02 e 03 cm.
- Grau 4: lesões entre 03 e 04 cm.
- Grau 5: lesões entre 04 e 05 cm.
- Grau 6: lesões entre 05 e 06 cm.
- Grau 7: lesões entre 06 e 07 cm.
- Grau 8: lesões entre 07 e 09 cm.
- Grau 9: lesões entre 09 e 11 cm.
- Grau 10: todo o pulmão afetado.
Tratamento e prevenção
Todos os potros positivos devem ser tratados com os antibióticos necessários: Azitromicina, Claritromicina e Rifampicina. A ultrassonografia torácica é um método fácil e rápido, e os resultados são instantâneos. Uma das dificuldades associadas ao tratamento é saber quando o mesmo deve ser descontinuado. Os potros muitas vezes parecem clinicamente sãos antes de os abscessos regredirem. Interromper o tratamento leva a recaídas. “Sabe-se que até 50% dos potros são subclinicamente afetados. Com a ultrassonografia de diagnóstico, seguida de tratamento, a incidência subclínica cai para cerca de 30% e a doença chega a 0". Portanto, a diminuição de infecções subclínicas está associada ao tratamento destes potros e a excreção fecal de R. Equi diminuída.
"A implementação da ultrassonografia torácica em propriedades endêmicas é altamente eficaz, porque os potros que foram diagnosticados como grau 0 não desenvolveram a doença. Em resumo, trata-se de um diagnóstico prático, rápido, preciso e útil na triagem de R. equi”, finaliza.