A história do Brasil, forjada pela pujança agropecuária, tem a figura do cavalo de forma proeminente. Saiba mais
03/09/2019 - 17:57 | Atualizado em 02/09/2021 - 10:29
É incrível refletirmos sobre o fato de há centenas de anos, antes mesmo de a invenção do telégrafo, um cara montado a cavalo ser a melhor e mais rápida forma de comunicação entre os povos, “a internet” daquele tempo. Alguns cientistas afirmam que o equino habita a Terra há cerca de 55 milhões de anos, mas só a alguns milhares de anos o homem o encontrou, formando, assim, uma parceria única, realizando tarefas que englobam as mais diversas áreas, tais quais, Política, Economia, Transporte, Esporte, Moda, Lazer.
Até a invenção da calça, peça fundamental do nosso vestuário, deve-se ao cavalo! Na Idade Média, os europeus incorporaram o equino ao seu mundo e criaram academias responsáveis pelo adestramento dos animais e aulas de equitação. E para dar maior conforto aos cavaleiros, a “calça para montaria” foi idealizada.
Os cavalos chegaram para modificar a maneira como nos transportávamos e fazíamos comércio. Ajudaram-nos a desenvolver a Agricultura, além disso, foram essenciais para o acontecimento de vários movimentos políticos. Quem não se lembra do histórico Incitatus? Calígula o tratava melhor do que qualquer ser humano a sua volta e queria nomeá-lo cônsul, o cargo político mais importante do Império Romano entre 37 d.C. e 41 d.C., incluindo o seu nome no rol de senadores. O estábulo desse memorável cavalo era de mármore, a manjedoura de marfim, e ele usava colar de pedras preciosas e possuía cerca de dezoito criados pessoais. Outro equino que teve enorme importância na geopolítica mundial foi o “cavalo branco de Napoleão”, marcando uma das anedotas mais famosas do mundo sobre o imperador francês. E teve também o Bucéfalo, a companhia equina de Alexandre - o Grande, Rei da Macedônia, o maior líder militar da Antiguidade, que morria de ciúme do seu fiel escudeiro de quatro patas.
Mas vamos falar do nosso querido Brasil… A história política brasileira é recheada de personagens pitorescos e controvertidos, tendo a mistura de mitos e realidade. E os cavalos sempre estiveram presentes, firmes e fortes nos momentos decisivos na construção do nosso país. Podemos citar várias referências desses momentos, como a Proclamação da República, a Independência, a Revolução de 1923, a Guerra dos Farrapos e tantas outras, sempre com a figura proeminente dos cavalos em participação ativa.
Gosto de usar como exemplo a Independência do Brasil, em 07 de setembro de 1822. A mais conhecida cena desse ato é o quadro “O Brado do Ipiranga”, do pintor Pedro Américo, em que D. Pedro I, no alto de uma colina, de espada em punho e montado num forte cavalo, pronuncia a célebre frase “Independência ou morte!”. Mesmo que esse momento histórico não tenha acontecido exatamente desta forma, como apontam alguns historiadores, afirmando que a montaria à época seria um muar e não um equino, o seu simbolismo é forte. Vale frisar que os cavalos tiveram grande importância nas diversas mudanças sociais, políticas e econômicas brasileiras, participando de revoluções e ajudando a erguer as nossas cidades, os nossos estados e todo o nosso imenso país.
No Brasil, o cavalo é uma grande fonte de riqueza, pois emprega milhares de pessoas e movimenta bilhões de reais todos os anos. Mesmo diante de um dos piores cenários econômicos da história do país, o mercado equestre continua crescendo, tornando-se um dos mais lucrativos do Agronegócio nacional. Nos últimos anos, o setor equestre recebeu forte investimento em competições, circuitos de hipismo, exposições e leilões. Em média, o Brasil realiza 04 mil festividades envolvendo os cavalos todos os anos.
Simbolismos equestres
Os cavalos foram domesticados e se tornaram grandes companheiros dos homens, passando a ter relevante significado simbólico e político na história da humanidade. As distâncias e as viagens foram encurtadas, a caça foi facilitada e homens comuns se transformaram em poderosos guerreiros. Verdadeiros impérios foram construídos em cima de cavalos. Nenhum animal teve tanto impacto na própria sobrevivência humana.
Na Astrologia Chinesa, o cavalo confere às pessoas nascidas sob sua influência qualidades como diligência, disciplina, determinação, coragem e arrojo. No Feng shui, o equino traz a energia do sucesso, da fama, da liberdade e da velocidade. Já no mundo islâmico, ele está associado com a felicidade, a abundância, a vitalidade, a impetuosidade, a beleza, a graça, a sexualidade, a fertilidade, a inteligência, a dedicação e a generosidade. Na Tradição Celta há o culto a Epona, a deusa dos cavalos, cuja representação mística de uma jovem acompanhada de um equino remete ao poder do nascimento, da vida, da morte e do renascimento. No mundo contemporâneo, a imagem do cavalo, seja em pintura, foto ou escultura, é frequentemente usada em escritórios, evidenciando força e poder.
Para os nativos norte-americanos, o cavalo era símbolo de poder divino e espiritual. Na Medicina Xamã, o arquétipo da força para alcançar a liberdade da alma. Já na Astrologia Ocidental, o centauro simboliza o signo de Sagitário e representa a síntese dinâmica do homem que busca o conhecimento para a elevação do ser, transcendendo a sua natureza animal para alcançar a realização espiritual. Na Grécia Antiga, Pegasus - o cavalo alado, trazia o símbolo da imortalidade. E o mitológico Centauro representava o nosso lado espiritual e humano. Em relação ao Esoterismo, o cavalo é o nosso Pai Interno, que nos guia e nos orienta. Há também diversos livros religiosos, com inúmeras passagens em que o cavalo simboliza a ascensão espiritual e a representação do divino.
Sonhar com cavalos pode revelar questões relacionadas com aspectos íntimos da nossa psique. Alguns significados de sonhos com cavalos são:
*Cavalo branco: elevação espiritual.
*Muitos cavalos galopando: fase de vida movimentada.
*Cavalo galopando livremente: indica estado de liberdade e bem-estar do sonhador.
*Cavalos tristes: sinaliza repressão e estagnação, resultando em sensação de impotência.
*Cavalos agitados e tensos: revela problemas emocionais e conflitos internos.
Flávia Raucci é Diretora de Marketing do Haras Três Rios, tradicional criatório de cavalos da raça Mangalarga, localizado em Itatiba/SP